Projeto: Eu e os Outros
Denise Mara Fernandes Cunha
I - Situação inicial diagnosticada
A necessidade de se fazer um projeto que trabalhasse o Eu (auto-estima) e os Outros (respeito, tolerância, amor, paz, etc.) se deu a partir de uma problemática detectada em textos produzidos pelas crianças. Foi pedido à elas que fizessem sua descrição (apresentação pessoal) para “amigos secretos de correspondência”, projeto desenvolvido com outra escola. Ao fazê-la se colocaram como brancas, morenas e até café com leite. Mesmo tendo negros na sala, esses não se assumiram como tal.
Todos os anos o4º e 5ºANO tem em seu planejamento e livros didáticos o tema: Vinda dos negros ao Brasil mas, observou-se a necessidade de dar outra conotação a esse tema, o da valorização e o da não discriminação.
II - Objetivos
- Se conscientizar das diferenças existentes em nossa cultura e assumir atitudes contrárias a qualquer forma de discriminação, sendo solidário, cooperando e buscando sempre o diálogo como forma de resolver conflitos.
III - Conteúdo curricular ensinado:Todos os conteúdos de maneira transversal e interdisciplinar
III - Conteúdo curricular ensinado:Todos os conteúdos de maneira transversal e interdisciplinar
IV - Sequência didática
Trabalhando a auto-estima
Trabalhando a auto-estima
Painel
- Ao chegarem na escola as crianças tiveram uma surpresa ao verem na sala de aula frases contendo mensagens de amor,tolerância, solidariedade, etc. e um painel de flores onde deveriam trazer uma foto sua, desenho ou até recortes de figuras de crianças para colar numa das flores. No alto havia a seguinte frase: “Nesse jardim cada criança é especial”. No meio havia uma flor maior com uma foto de todos os alunos com a professora. Conversamos sobre a necessidade de se desenvolver esse projeto em nossa sala.
Dramatização
Dramatização
- Foi levada para a classe uma “caixa de surpresa” que só foi aberta depois de lida a história: “Menina bonita do laço de fita” de Ana Maria Machado e trabalhou-se a descrição da personagem feita pela autora que compara a menina à “uma fada do reino do luar” Depois, foi aberta a caixa que continha muitos coelhinhos de pelúcia coloridos e objetos pertencentes à história contada. As crianças fizeram a dramatização e uma paródia com a música ”coelhinho da páscoa”.
“Exposição de sua figura”
“Exposição de sua figura”
- Cada criança, em papel cenário, fez seu contorno com a ajuda do colega. Em seguida recortaram, pintaram, improvisaram o cabelo e vestiram a figura com suas roupas pessoaisDiscutiram sobre as diferenças e semelhanças dessas figuras fazendo um paralelo entre esse trabalho, o painel que nesse momento já estava completo e a historia da Menina bonita do laço de fita, sempre ressaltando detalhes e pontos positivos de cada um. Fizeram em seguida uma produção contando seus gostos,seus medos, seus sentimentos, etc.
Trabalhando a cultura africana
Capoeira
- Foi lido para as crianças o romance Saruê, Zambi de Luiz Galdino que conta a vida nos quilombo vista por duas crianças.
Os alunos fizeram ilustrações e pesquisaram sobre a capoeira. Entrevistaram um capoeirista e trabalhou-se também a gravura “Jogo de capoeira” do artista alemão Rugendas.
Os alunos fizeram ilustrações e pesquisaram sobre a capoeira. Entrevistaram um capoeirista e trabalhou-se também a gravura “Jogo de capoeira” do artista alemão Rugendas.
História de zumbi e o Quilombo dos Palmares
- Foi entregue às crianças um poema de José Francisco Borges contando a história do negro, desde a sua saída da África até a vida e morte de Zumbi Montou-se um livro com mapas e ilustrações feitas pelas crianças. O Sr José Paulo Maciel, escritor e poeta de nossa cidade fez uma apresentação sobre a literatura de cordel.
HISTÓRIA DE ZUMBI E OS QUILOMBOS DOS PALMARES
José Francisco Borges )
http://jangadabrasil.com.br/novembro39/cn39110c.htm
Vídeo: Quilombo
- As crianças assistiram ao filme, discutiram então, o processo de rebelião e as formas de resistência à escravidão e como os negros, índios e brancos pela primeira vez no Brasil conseguiram conviver com suas diferenças. Comparamos o filme ao livro confeccionado pelas crianças e discutiu-se sobre o trecho do poema que dizia que ”os negros eram pacíficos e obedientes”.
HISTÓRIA DE ZUMBI E OS QUILOMBOS DOS PALMARES
José Francisco Borges )
http://jangadabrasil.com.br/novembro39/cn39110c.htm
Vídeo: Quilombo
Palavras e expressões de origem africana
- As crianças confeccionaram um dicionário com palavras e expressões de origem africana e fizeram as ilustrações.
- Trabalhamos a interpretação da letra "Mão da Limpeza" interpretada pro Gilberto Gil e chico Buarque e pesquisamos a influência da cultura negra nas músicas brasileiras.
Brincadeira
Capitão-de-campo-amarra-negro
- Essa brincadeira sintetizava a ignóbil instituição Colonial já que consistia em escolher um menino para ser o fugitivo (representando o negro fujão). O sinal era o grito: capitão-de-campo-amarra-negro! Os companheiros saíam a procurá-lo tentando prendê-lo imitando o capitão do mato. As crianças aprenderam a brincadeira e pesquisaram então, outras brincadeiras do tempo do Brasil - Colônia, fizeram desenhos e exposição de brinquedos “antigos”.http://www.jangadabrasil.com.br/maio/ca90500e.htm
Jongo
- Dança de origem africana presente em nosso folclore.
VI - O que os alunos aprenderam
Denise Mara Fernandes Cunha
- Estudamos a influência que a arte “Ioruba” (Nigéria) tiveram nas obras de artistas modernos com Picasso e Cezanne. Usamos a técnica do papel machê e cada criança confeccionou sua máscara.
Mosaico
Mosaico
- Foram criados quadros através de mosaico a partir da leitura do livro “Domínio das cores” de Roberto Caldas.
- Fomos convidados a participar da semana da Consciência Negra em novembro em nossa cidade.
Fonte:Painel - Dia da Consciência Negra. Disponível em: Dicas Pedagógicas
Fonte:Painel - Dia da Consciência Negra. Disponível em: Dicas Pedagógicas
V - Os recursos didáticos empregados
Livros didáticos, paradidáticos, literatura de cordel, músicas, danças, vídeo, dramatização, textos, cartazes, exposições, brincadeiras, confecção de máscaras e trabalhos de mosaico.
VI - O que os alunos aprenderam
As crianças aprenderam que o diálogo é uma forma eficaz de esclarecer conflitos, e que os diferentes pontos de vista devem ser respeitados. Identificam agora algumas situações discriminatórias, diminuindo o número de brigas e desavenças entre eles. Aprenderam também conteúdos de História no que diz respeito a formas de deslocamentos de populações africanas para a América, origens dos povos africanos e seu modo de vida, as condições de vida estabelecidas para os africanos no Brasil, locais de fixação, deslocamentos posteriores, em diferentes épocas no território nacional.
Avaliação do professor
Ao avaliar o interesse e desempenho dos alunos na aplicação do projeto alcancei muitos dos objetivos propostos quando vejo meus alunos conviverem em harmonia e principalmente quando vejo aquela criança negra, tímida, sentada no fundo da sala, que se dizia morena e que não levantava os olhos por se sentir envergonhada ao falarmos nesse assunto hoje, ouve com orgulho a sua história se sentindo valorizada e participante da construção de um país mais humano e de sua própria vida.
Aprendemos juntos, eu e meus alunos. E é nesse sentido que a escola se torna o espaço onde essas problemáticas podem ser discutidas e novos caminhos encontrados para um relacionamento de paz , de preservação de culturas e de aceitação do ’diferente” seja ele qual for. Sei que esse projeto foi apenas o primeiro passo de uma longa caminhada e de um longo esforço no sentido de se construir uma sociedade mais justa.
VIII - Bibliografia
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO.
Parâmetros curriculares nacionais. Brasília, Secretaria do Ensino Fundamental – SEF, volumes 1, 8 e 10, 1996.
TRINDADE, Azoilda Loretto da.
Multiculturalismo: mil e uma faces da escola/ Azoilda Loretto da Trindade, Rafael dos Santos. (orgs.).- 2. Ed. – Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
Esse projeto Foi elaborado e desenvolvido por mim numa classe de 4ºANO. Premiado com o “Prêmio Educação Cidadã: Melhores Práticas dos Temas Transversais dos PCNs”, no Congresso Educação Saber 2002, pela SIEEESP (Sindicato dos estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo) na categoria Temas Transversais e Pluralidade Cultural conquistando o primeiro lugar na categoria professor e primeiro lugar na categoria aluno, foi apresentado na 1ª Conferência Internacional de Educação "Multiculturalismo, Diferenças e Convivência Por uma Cultura do Outro" e publicado na revista Educando em Mogi das Cruzes.
Esse projeto Foi elaborado e desenvolvido por mim numa classe de 4ºANO. Premiado com o “Prêmio Educação Cidadã: Melhores Práticas dos Temas Transversais dos PCNs”, no Congresso Educação Saber 2002, pela SIEEESP (Sindicato dos estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo) na categoria Temas Transversais e Pluralidade Cultural conquistando o primeiro lugar na categoria professor e primeiro lugar na categoria aluno, foi apresentado na 1ª Conferência Internacional de Educação "Multiculturalismo, Diferenças e Convivência Por uma Cultura do Outro" e publicado na revista Educando em Mogi das Cruzes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário